quarta-feira, 7 de maio de 2014

Guarda Compartilhada


Deste que o meu relacionamento com a pai da Maria acabou, optamos por priorizar sempre o nosso bem maior, independente dos nossos atritos, desavenças ou desacordos, sempre as necessidades da Maria seriam colocadas em primeiro lugar.
Como a separação ocorreu antes de a Maria completar um ano, as visitas ocorriam na minha casa ou por passeios curtos. Quando a minha pequena tinha um ano e três meses, introduzimos na vida dela a modalidade de dormir fora de casa, assim ela ficava uma noite e um dia por semana com o pai e ainda assim com algumas visitas durante a semana.
Já quando a Maria completou um ano e oito meses, as minhas aulas na faculdade recomeçaram e após uma longa conversa, chegamos à conclusão que o melhor para a Maria seria ter a guarda compartilhada, convivendo e compartilhando dos seus momentos com ambas as famílias.
Foi neste momento que descobrimos que a guarda compartilhada não é tão divertida quanto parece... Segue abaixo uma lista dos principais problemas que passamos:
 
# saudade
Ao menos da minha parte, é sempre muito grande a saudade. Gostaria de estar o tempo todo com a minha princesa e acho muito injusto isso não ser possível, mas aí procuro no meu mais profundo interior a força necessária para encarar essa situação, afinal é para o bem dela, ela não pode ser prejudicada por uma escolha dos pais.
 
# falta de referência de lar
Com o passar do tempo percebi que quando perguntávamos para ela onde morava ela ficava em silêncio, mas tinha a resposta certa sobre a casa da mãe e a casa do papai. Isso me intrigou bastante, pois acho importante ela saber onde é o lar dela, onde é a sua referência, para onde ela sempre pode retornar.
Sendo assim, após uma conversa com o pai, acordamos que a Maria deveria ter como referência de lar a casa da mamãe e esse passou a ser o nosso discurso. A Maria visita a casa do papai, muitas vezes fica dois, três dias, mas a casinha dela é junto com a mamãe, é nesse local que estão as suas principais coisas e recordações.
 
# disciplina
No inicio, apesar da pouca idade, Maria tentou nos “passar a perna”, se eu dizia que algo não podia, ela no próximo encontro com o papai tentava novamente e muitas vezes conseguia.
Por sorte percebemos essa estratégia da nossa pequena geniosa em pouco tempo e ampliamos a nossa comunicação. Tudo que acontece com a Maria ambos sabem, desde a menor besteira.
Descobrimos que a base fundamental para que a guarda compartilhada dê certo é a comunicação!!
 
# agressividade
Maria passou por uma fase mais agressiva, principalmente comigo, até relatei algo aqui no blog. Parecia que me ferir fisicamente ou até com suas poucas palavras, era uma forma de dizer que a culpa era minha de ela não poder passar mais tempo com o pai ou algo como dizer que não gostava da forma como nós agíamos com ela, pois nunca sabia quem ia buscar na escola ou em que casa ia dormir.
 
# falta de informação
Também passou a ser nítido que a Maria sofria com essa insegurança de não saber ao certo como seria o dia de amanhã e pior ainda, o dia de hoje! Demonstrava isso com a agressividade relatada acima, não conseguia desenvolver brincadeiras e tinha o sono muito agitado.
Meu coração de mãe parecia querer sair do peito de tanta aflição, pois como dar respostas para uma criança tão pequena, mas ao mesmo tempo tão esperta. Como explicar que a sua família é diferente, mas que a ama muito ou o que são dias da semana e que dia ela fica com a mãe ou com o pai…
No auge da minha angustia agendei horário com uma psicologa a fim de nos auxiliar nessa relação familiar diferente da Maria. E lá fomos nós pai e mãe para uma conversa franca e sincera sobre a nossa princesa junto com uma terceira pessoa, a psicologa.
No primeiro encontro a psicologa já fez com que enxergássemos o quanto difícil era a nossa rotina, pois a Maria não tinha dias fixos com um ou com outro. Neste primeiro encontro já saímos com a definição de que era necessário ter dias seguidos com a Maria, criar uma rotina semelhante em ambas as casas, aumentar ainda mais a nossa comunicação (pais) e dar respostas diretas e francas a Maria sempre que solicitado por ela.
Nosso calendário ficou assim:
- Semana 1: segunda, terça, quarta, sábado e domingo com a mamãe e quinta e sexta com o papai.
- Semana 2: terça, quarta, sábado e domingo com o papai e segunda, quinta, sexta e domingo a noite com a mamãe.
Rotina nos dias da semana: chega da escola, brinca, lanche/janta, banho e dorme por volta das 20h.
Para que a Maria entendesse melhor as mudanças, montamos juntas, em forma de brincadeira um mural com os dias da semana, em cada dia colocamos figuras que representassem algumas de suas rotinas diárias e uma figura que representa os dias que ela fica com a mamãe e outra que representa os dias que fica com o papai. Atualizamos esse mural toda semana e quase que diariamente olhamos para o nosso mural e identificamos o dia que estamos o que ocorreu naquele dia e o que irá ocorrer nos próximos dias.
Maria adora a brincadeira e de sobra já está entendendo um pouco sobre os dias da semana e o espaço de tempo necessário para a passagem dos dias.
Na escola, não reclama mais para ir e também não existe mais choro na hora da chegada, muito menos na hora da saída, tem sido sempre receptiva quando vou buscar, o que não ocorria antes.
Quando chega da casa do papai, pega as suas coisas no carro, dá tchau para o papai e entra em casa faceira, uma mocinha independente, doida para encontrar os seus brinquedos, a mamãe e o Odi.
 
# grande comunicação
Sim, agora vocês devem estar se perguntando: como manter uma boa comunicação com quem você não quer ter nenhum contato????
Bem, aí vêm os poderes de supermães e superpais!! É preciso pelo bem do seu filho!!
Não importa o motivo do fim do relacionamento dos pais, o que importa é que exite um bem comum que é a criança e este ser merece tudo de melhor sempre. É preciso que ambos coloquem as amarguras do passado em um lugar escondido e tentem ter um mínimo de convivência e respeito.
Nós, pais da Maria, nos comunicamos quase que diariamente e isso faz com que se saiba tudo que se passa com ela independente do local onde ela esteja. Isso fez com que ela percebesse que não adiantava querer nos testar que a palavra dada por um de nós se manteria na casa do outro.


Eu já fui filha de pais separados… longa história, pois foram separados por 15 anos e namoram há pelo menos uns 3 anos… e sei o quanto é importante a presença do pai na criação e no dia a dia do filho.


Hoje ainda me preocupo em como será mais adiante essa questão da guarda compartilhada… em como isso pode interferir na vida de estudante dela, por exemplo… no seu desenvolvimento com os estudos… ou na sua rebeldia pré adolescente e principalmente a tão temida adolescência…


O importante é viver um dia de cada vez e adequar a rotina sempre que necessário, visando o bem estar da criança.

Bjos Gisa

segunda-feira, 5 de maio de 2014

O desfralde – parte 2


Lembram que escrevi aqui em outubro do ano passado sobre o inicio do processo de desfralde? Até achei que os sinais apresentados naquela época indicavam um processo rápido e tranquilo, mas não foi...

Não forcei nada, pois queria que fosse algo muito natural e no tempo dela, mas chegou dezembro e a Maria ainda não estava segura.

No recesso escolar (23/12 a 05/01) tentei manter ela o mais tempo possível sem fralda, mas os escapes eram maiores que as idas ao banheiro, no meu retorno ao trabalho, à escola da Maria ainda não tinha retornado as atividades e a Maria ficou aos cuidados da prof. Rê na sua casa. Na casa da prof. Rê ela também foi incentivada a ficar sem fraldas, mas sempre colocávamos a fralda na hora de ir embora ou de dormir.

A escola voltou às atividades e mantivemos essa rotina, tirávamos a fralda durante alguns momentos do dia e em outros a fralda permanecia. Maria ainda não se sentia segura, pedia poucas vezes e mesmo tentando a tática do incentivo com adesivos, o processo não evoluía.

Passado um tempo, a Maria foi acometida por uma das famosas viroses e com a diarreia constante, optei por deixa-la de fralda direto durante os dias que ela não estava boazinha e foi assim que o processo ao invés de evoluir se perdeu.

Maria passou a chorar toda vez que tentava colocar a calcinha, até mesmo sobre a fralda, parecia algo traumático para ela e fiquei sem saber o que fazer. Novamente pensei que deixar ao seu tempo seria a melhor decisão, voltamos a usar as fraldas e não falamos mais no assunto e sendo assim de fevereiro até abril as fraldas voltaram a fazer parte do nosso dia a dia.

No entanto, em um dos nossos encontros com a psicóloga que acompanha a Maria (assunto para outro post), relatei sobre essa minha dificuldade com o desfralde e pedi indicações sobre quais as melhores formas de abordar novamente o assunto com a Maria e quando?

A resposta dela foi que tinha que “forçar” o desfralde diurno, pois a Maria já fala praticamente tudo e é muito esperta, e acima de tudo por que há tempos atrás chegou a ficar períodos longos sem fralda. Que a melhor forma seria mesmo utilizar a recompensa como fator de incentivo, mas que este incentivo devia ser de algo que ela goste muito e que deveríamos ser rígidos, pois caso houvesse algum escape o incentivo não poderia ser concedido de forma alguma.

O retorno que tive por um momento me pareceu assustador, pois como ser tão rígida assim, me pareceu incorreto forçar, fiquei me questionando se ela realmente estava preparada e como fazer caso houvesse escape? Fingir que nada aconteceu? Aplicar a cadeira do pensamento? Aí meu Deus! Como é difícil ser mãe!!!!

Na semana seguinte sentei e conversei com ela, expliquei que ela não é mais um bebê (para a mãe aqui vai ser eternamente), que já é uma mocinha e que por isso deve usar calcinha durante o dia e deixar as fraldas apenas para a hora de dormir. Expliquei também que podiam ocorrer alguns acidentes, mas que devia evita-los e que por cada dia que ela ficasse sem nenhum acidente ela iria ganhar um pirulito e balinhas de goma (sua maior alegria e tristeza do dentista).

Hoje fechamos a primeira semana deste desfralde “forçado” e sabe que tem dado bons resultados! Têm dias com acidente, às vezes mais de um acidente outros dias sem nenhum acidente e muitas balinhas.

Minha conclusão... A Maria precisava deste meu posicionamento mais firme, dizer o que era correto fazer, premiar, mas também “punir” quando necessário. Ela de certa forma estava pedindo para a mamãe aqui ser mais dura, eu não percebia isso, achava que deixar por ela era mais ameno e correto.

Inconscientemente me parecia que dessa forma mais leve minha filha iria me amar mais e consequentemente querer estar mais junto de mim, mas essa experiência (entre outras que ainda vou postar) me mostrou que quando se é mãe essa questão de certo ou errado é complicada, e principalmente que pela percepção da criança ser exigente não significa não gostar e sim uma forma de amor, carinho e respeito por ela.

Veremos as cenas dos próximos capítulos... Beijos, Gisa.

Retomando as atividades do blog


Faz muito tempo que não consigo me dedicar a este cantinho que tanto gosto, mas as coisas da por muitas vezes tomam um tempo muito grande e os pequenos momentos que sobram acabo dedicando aos meus amores, afinal eles merecem!!!

De qualquer forma, o mês que é dedicado a nós mães merece uma dedicação especial e alguns posts atualizando as nossas aventuras e desventuras dos últimos meses.

Retomando as atividades do blog... não sei por quanto tempo (risos)...  

Abraços, Gisa.